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243. A vida escondida na Palavra e no Pão

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02.10.2020 | 3 minutos de leitura
Pe. Eduardo César Rodrigues Calil
Crônicas
243. A vida escondida na Palavra e no Pão
“Eu sou o Pão da vida, disse Jesus” (Jo 6,48)
E quando amanhecer,
o dia eterno em plena visão,
ressurgiremos por crer
nessa vida escondida no pão.”

(Carlos Alberto Navarro)

Em tempos de isolamento social, quando cresce a pobreza e o acesso à alimentação fica mais difícil, somos chamados a repensar a importância do alimento em nossas vidas.Normalmente, para falar do alimento, usamos a expressão pão. O pão é um alimento universal, presente na vida de praticamente todos os povos. Talvez por isso, Jesus tenha escolhido o pão, algo tão básico, para ser o sinal da sua presença entre nós. O pão simboliza aquilo que de essencial necessitamos para a nossa sobrevivência. Ele representa a nossa peleja, o nosso trabalho e os nossos esforços. Não foi por acaso que, na última ceia, Jesus escolheu justamente o pão para sacramentar o sinal de sua perene presença entre nós e em nós. Jesus se fez comida. Sua vida se tornou alimento para nossa caminhada.
Como canta o refrão de uma canção muito conhecida, na Eucaristia temos “a vida escondida no Pão”. No Pão da Eucaristia, encontramos o sentido e a beleza de nossa vida e de viver em comunhão. Para vivermos a vida do Cristo Crucificado-Ressuscitado, precisamos viver em comunhão com ele. Ele em nós; nós nele.
No relato de Jo 6,30-35, no famoso discurso do Pão da Vida, Jesus diz à multidão que o seguia as seguintes palavras: “Eu sou o Pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). Acontece, porém, que, muitas vezes, em vez de nos alimentar da vida de Jesus, alimentamo-nos de ilusões e fetiches. Quando isso acontece, a Eucaristia – o pão da vida –não alimenta nossos sonhos e projetos, mas alimenta as nossas superstições. Como escreveu Rubem Alves,“não basta comer. Não é só a fome. O pão deve estar cheio de amor. O corpo precisa sorrir... é por isso que o corpo inteiro é chamado: os olhos, o nariz, os ouvidos, companheiros da boca...”.
Ao longo da pandemia, a grande maioria dos católicos permanece impossibilitada de participar da comunhão eucarística, mas pode comungar o Pão da Vida de outras maneiras: o pão da fraternidade, o pão da esperança, o pão da Palavra...
Se a vida de Jesus está escondida no Pão, a nossa vida também permanece escondida nele, pois nós nos transformamos naquilo que comemos. Então, não importa quando foi a última vez que recebemos o pão eucaristizado. O Cristo Pão Eucarístico, apesar de muito importante, não é a única maneira de favorecer nossa comunhão com sua vida. Eis o doce mistério que nos habita: nossa vida está escondida no Pão da Vida, mas também o Pão da Vida está em nós escondido.