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19. Mistério de amor sem fim

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12.03.2015 | 3 minutos de leitura
Leandro Narduzzo
Crônicas
19. Mistério de amor sem fim

“A seguir, tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu, dizendo:

Isto é meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim.” (Lc 21, 19)



“ (...) fazendo-me eu um pobrezinho

e criadinho indigno,

olhando-os, contemplando-os e servindo-os (...)

como se estivesse lá presente,

com todo o acatamento e reverência possível”

(Sto. Inácio de Loyola, EE N°114)



A nossa liberdade muitas vezes nos coloca diante de encruzilhadas que, vividas desde a fé, tornam-se oportunidades para tomarmos caminhos novos de crescimento e amadurecimento pessoal. São decisões que nos demandam discernimento, nas quais nossa coerência e capacidade de amar estão em jogo, e todas as seguranças parecem ter ido embora... Mas o maior ato de amor, aquele que salvou o universo e faz de nossa fragilidade uma força colossal, passou necessariamente por uma encruzilhada e comportou uma decisão.


Na contemplação, podemos participar daquela ceia: ardente desejo de encontro e festa, sabor de despedida, declaração de amor até as últimas consequências. E, estando ali presentes, podemos ouvir Jesus dizendo: “Isto é o meu corpo...” ou “amigos, este pedaço de pão significa a minha vida, assim foi como eu a vivi: entregue nas mãos de todos quantos me necessitaram, partindo-me em pedaços por quem precisou de mim, sendo alimento, sustento, aconchego, sempre disponível e buscando o bem de todos... Hoje,ainda que a vida pareça muito complicada, não vou desistir: amar como o Pai ama leva-me a entregar minha vida. Seja essa a maior prova de que não desisto de vocês”. E ainda mais: “Eu convido vocês a fazerem o mesmo para viverem a felicidade imensa que eu vivo”.


É inevitável – e sincero da nossa parte – levar as nossas fragilidades ante esse Jesus que se nos oferece sem por fraquejar e sentir que, muitas vezes, trocamos Jesus e toda sua proposta por seguranças passageiras, certezas do momento, gratificações perecedouras, moedinhas de prata... Será que podemos imaginar Jesus dizendo-nos essas palavras, mesmo reconhecendo nossas fraquezas? Pois assim é Jesus: sua resposta para nossa tibieza é entregar-se por inteiro! Podemos contemplar a cena assim: eu, sentado à mesa entre os discípulos, pensando: “quantas vezes troquei Jesus por pouca coisa!”; mesmo assim ele se oferece a mim. Abro os olhos e vejo um pedaço de pão em minhas mãos... ele não desiste de mim. Que mistério insondável de amor inesgotável! Que desproporção! Nós, frágeis, capazes até de desprezá-lo e Ele, contudo, entregue humildemente em nossas mãos.


Por um amor assim, tudo vale a pena! Com Jesus, toda encruzilhada – inclusive a mais dolorosa – torna-se transitável. Seu amor nos arrasta, nos invade, nos envolve, nos fere e nos lança com forças renovadas e ânimo decidido, com um coração aberto a todos e entregue por cada um. Por esse amor estamos, sim, dispostos a tudo!