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153. Quando o amor chamar, escutai-o

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10.10.2017 | 3 minutos de leitura
Solange Maria do Carmo
Crônicas
153. Quando o amor chamar, escutai-o

“Se o grão de trigo que caí na terra não morrer,

fica só” (Jo 12,24).


 

“...Como feixes de trigo, ele (o amor)  vos aperta junto ao seu coração.

Ele vos debulha para expor vossa nudez.

Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.

Ele vos mói até a extrema brancura.

Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.

Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma

No pão místico do banquete divino”.

(O Amor – Khalil Gibran)


 

Dizem que quem ama é forte, é irrepreensível; chegam até a dizer que está com a corda toda. Mas não é verdade. O amor nos faz vulneráveis, necessitados do outro; nos põe em condição de reconhecer que não somos tão bons sozinhos, que sozinhos não conseguimos ir muito longe.


Amar e se ser amado é uma das experiências humanas mais salvíficas. O amor é capaz de nos fazer mais gente, seja ele qualquer tipo de amor.


Tem sensação melhor do que, em meio à mais tenebrosa tempestade, encontrar alguém que nos olhe profundamente e nos reconheça em nossas perdiduras e equívocos? Ou há coisa melhor que a sensação de ouvir uma voz amiga ao telefone no fim de um dia mega exigente? Como é bom ouvir alguém dizendo: “Ei, amigo. Tudo bem? Passe aqui em casa, para conversarmos um pouco; comprei aquele vinho que você gosta”. Quem não sente falta daquele carinho de mãe, nas férias, fazendo as comidas que a gente mais gosta? Há sensação melhor do que abraço de pai e de irmãos que te esperavam cheios de saudades? Ufa! O amor surpreende e salva. Ele cura quase tudo. Um pouco de ternura é remédio para quase todos os males.


Amar, entretanto, é exigente. O amor exige – como disse Gibran – disposição para sermos triturados, amassados, moídos até virar pão que alimenta o outro. Certamente, não é prazeroso ser triturado pelo moinho do amor, mas não nos tornar pão para o outro é viver infecundo; é preservar-nos de sofrer, mas é também privar-nos do que a vida tem de melhor. É viver no deserto; é escolher a solidão. Não foi à toa que o Mestre de Nazaré nos falou que o grão de trigo tem que morrer. Ou, em outras palavras, que “quem quiser salvar sua vida a perderá” (Mc 8,35). Perder a vida por amor aos irmãos é o único modo de reencontrá-la. Por isso, “quando o amor vos chamar, segui-o” (Gibran).