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15. Não tenhas medo

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27.01.2015 | 3 minutos de leitura
Leandro Narduzzo
Crônicas
15. Não tenhas medo

O anjo, então, disse:

“Não tenhas medo, Maria!

Encontraste graça junto a Deus.” (Lc 1,30)



Façamos da interrupção um caminho novo.


Da queda um passo de dança,

do medo uma escada,

do sonho uma ponte,

da procura um encontro!

(Fernando Sabino)



Talvez uma das mais difíceis e paradoxais certezas que podemos ter como cristãos é a seguinte: O Senhor olha para nós com agrado! Deus está contente ao ver a seus filhos! Ele olha para nós e, com certeza, vê algo diferente do que podemos perceber ao olhar para nossa interioridade. Como Maria, nós somos cientes da nossa infinita pequenez, e é por isso que muitas vezes nos custa aceitar o fato de que Deus tem um projeto de plenitude para cada um de nós. E, às vezes, a consciência do nosso pecado não nos deixa ver, nem receber, a misericórdia que o próprio Deus nos oferece. Fonte de consolo, alegria e paz é o abraço misericordioso do Pai!


Olhando com tranquilidade, mas com responsabilidade, podemos perceber uma chave importantíssima para nossa caminhada. Se essa consciência do nosso pecado nos desanima é porque temos colocado expectativas demais em nós mesmos. Ao seguir Jesus, esperamos obter resultados que só estão em nossa cabeça, mas não nos sonhos de Deus. Desse modo, caímos novamente na armadilha: centrar o nosso seguimento em nós e em nossos sucessos (ou fracassos). E isso nos enche de medo, porque nos esforçamos para fazer a vontade de Deus, mas tendo em conta somente as nossas forças. Se dependesse só de nós, seria lógico ficar paralisado; sozinhos não somos capazes de prosseguir! Mas a misericórdia de Deus nos diz: “Deixa-te curar porque não segues Jesus para estar orgulhoso do bom seguidor que és, mas porque ele te chamou, gratuitamente, a segui-lo!”. Isso é verdadeiramente liberador. E é talvez uma das coisas mais lindas que o Espírito nos ajuda a perceber.Isso é verdadeiramente de Deus; tira o medo!


O Senhor nos chamou porque vê outra coisa em nós, que não o que nós mesmos vislumbramos. Outra coisa que não saberíamos descrever e da qual não temos nem uma mínima ideia. Ele vê uma quantidade de possibilidades que nos escapam. Mas, sobretudo, ele sabe que, entre nosso nada e a sua onipotência, a salvação vai acontecer. Só temos que ir ao seu encontro, na Palavra, na Eucaristia, no irmão, colocando ele no centro, e agradecendo tanto cada coisa que dá certo quanto cada possibilidade de doação pelo próximo, sobretudo pelos que sofrem, mesmo que aparentemente sem frutos imediatos. Se ele está no centro dando forças e consolo no caminho, tudo é suportado, tudo é transformado, tudo tem sentido. E, nessa confiança, seremos capazes de dizer, como Maria: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim, Senhor, como tu sonhas!”(cf. Lc 1,38).