Evangelho DominicalVersículos Bíblicos
 
 
 
 
 

60. Ministros da Palavra

Ler do Início
07.08.2015 | 4 minutos de leitura
Fique Firme
Dicas diversas
60. Ministros da Palavra

Quase toda paróquia que conheço tem cursos para ministros da Eucaristia. Há uma preocupação dos ministros ordenados de não deixarem a distribuição da comunhão nas mãos de agentes despreparados que poderiam – por puro desconhecimento – cometer algum engano constrangedor. Isso é bem louvável! Só não entendo por que motivo as paróquias formam os ministros extraordinários da comunhão eucarística e não apresentam o mesmo zelo e o mesmo cuidado com os ministros da Palavra. Até cursos para coroinhas as paróquias costumam prever. Mas e os ministros da Palavra, aqueles que levam a boa nova, aqueles que anunciam o evangelho nas diversas formas que ele toma nas atividades pastorais, principalmente os ministros do culto?


Tomemos o caso dos ministros da eucaristia. Quase sempre, sabem fazer direitinho seu ofício, menos uma reflexão acerca da Palavra proclamada na celebração que ele próprio preside, às vezes. Não é raro encontrar comunidades que, na ausência do presbítero, celebram o culto (nome popularmente dado à celebração da Palavra presidida pelo leigo). Nessas celebrações – meu Deus! – dá de tudo em relação à reflexão do texto bíblico: desde fundamentalismos absurdos que ferem os ouvidos dos mais esclarecidos e os corações dos mais incautos, até leitura de homilias prontas, retiradas de alguma revista ou folheto católico! Isso quando os ministros – inseguros com tal ofício – não omitem simplesmente a reflexão, o que é bem lamentável! O que fazer então?


Eis um desafio gigante. Já falamos em outra dica sobre o problema que envolve as homilias. O aprofundamento de um texto bíblico é tarefa nada fácil até mesmo para ministros ordenados, que – normalmente – estudaram quatro anos para obter o título de teólogos e receber o sacramento da ordem. Imagine só o grau de dificuldade que essa tarefa não tem para os ministros leigos! Mas não é bom desanimar. É preciso investir nessa tarefa.


Primeiramente, boa ajuda seria dar uma formação bíblica mínima pra nossos agentes. Não se trata de um curso bíblico, com todas as complicações que isso pode gerar. Trata-se de noções bíblicas elementares, tais como entender que o texto não caiu pronto do céu, que revelação e inspiração não são adivinhação nem comunicação direta com Deus, que o autor sagrado escreve o que sua comunidade viveu e a fé que experimentou, que o texto bíblico não é relato de fatos acontecidos mas de fatos teológicos, que a linguagem bíblica tem seus segredos e suas particularidades, que o contexto do texto é tão importante quanto o texto etc. Sem essas noções não é possível uma reflexão minimamente razoável. Tal formação evitaria muito fundamentalismo e muita bobagem que tem sido afirmada em nome da fé cristã. Se um curso mais aprofundado de bíblia pode ser ministrado, tanto melhor! Mas, pelo menos,o mínimo não podemos negar à nossa gente.


Em segundo lugar, talvez fosse bom ajudar os ministros da Palavra a terem boas referências para pesquisar. Nossa gente anda buscando orientação em cada lugar mais extravagante que outro: sites nada confiáveis, livros de teologia duvidosa, redes de TV católica que mais parecem neopentecostais fundamentalistas! Não é difícil essa tarefa! Basta um pouco de zelo dos ministros para recomendar boas fontes. Nossos agentes precisam entender que uma boa reflexão bíblica não brota do sopro mágico do Espírito, mas de uma preparação cuidadosa e orante, com boas fontes para apoiar esse trabalho.


Em terceiro lugar, seria bom recomendar um tom mais ameno e singelo nas reflexões. Nossos ministros da Palavra têm se arriscado a fazer reflexões como se estivessem num púlpito, proferindo sermões de semana santa, quando o pregador aproveitava a reunião das multidões para impor a moral católica e os bons costumes. Ninguém aguenta mais esse tom. A reflexão acerca da Palavra deve ser dialogal, fraterna, aberta, singela, mais existencial que doutrinária, mais para abrir reflexões que para fechar a conversa.


Fica aí a dica! Nossa gente, de novo, agradece!







Dica anterior:       59. Músicas na liturgia

Próxima dica:      61. A proclamação do texto bíblico