281. O poder como serviço
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02.10.2023 | 2 minutos de leitura

Crônicas

“Deu-lhes autoridade para expulsar os espíritos impuros
e curar toda doença e enfermidade” (Mt 10,1)
e curar toda doença e enfermidade” (Mt 10,1)
“Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada”
(Engenheiros do Hawaí)
Os Evangelhos estão repletos de afirmações que mostram Jesus dando autoridade a seus discípulos, a mesma autoridade que recebeu do Pai. “Como o Pai me enviou, assim vos envio”, afirma o evangelista João (Jo 20,21). Mas de que autoridade tratam os evangelistas quando afirmam que os seguidores têm o mesmo poder do Mestre de Nazaré? Certamente não é o poder de calcar o mundo aos pés, de humilhar os já humilhados, de desprezar os já machucados, de maltratar os já esquecidos do mundo, de enriquecer-se às custas do sofrimento do outro ou de se sentir poderoso oprimindo os vulneráveis...
Na Escritura Sagrada, poder e autoridade não são atributos que devem ser usados em vantagem própria, nem mesmo exercidos à revelia sem fazer uma análise crítica da posição que se ocupa. Quando Jesus envia os seus seguidores em missão e lhes confere autoridade e poder, normalmente afirma sobre o que esse poder e essa autoridade devem ser exercidos, mostrando-nos os destinatários desse dom e os resultados que ele deve alcançar. Os destinatários são os oprimidos, os machucados, aqueles que estão enfermos do corpo e do espírito, aqueles que precisam de uma mão estendida para recuperar a dignidade própria da vida. A finalidade da autoridade recebida é a cura do coração, o levantamento do caído, a restauração do que está machucado, a eliminação de todo mal, dito em forma de espíritos impuros, doenças e enfermidades. Jamais o poder deve ser usado em causa própria. Ao contrário, Jesus repreende seus discípulos quando esses são tentados a esquecer o princípio da autoridade-serviço que ele ensinou. Em ocasião em que não foram bem recebidos pelos samaritanos, Tiago e João, os filhos do Trovão, cheios de cólera, querem mandar fogo sobre a cidade a fim de destruí-la. Jesus não se faz de rogado, não compactua com essa desvirtuação do ministério do serviço que ele conferiu aos seus seguidores: “Ele voltando-se os repreendeu. E partiram para outro povoado” (Lc 9,53-56).
Parece estranho ganhar tanto poder e não poder se beneficiar dele. Para que tanta autoridade se ela não pode nos favorecer? Acontece que, na dinâmica da fé cristã, poder é serviço, e autoridade é capacidade de se compadecer com os mais fracos. “Sabeis que os chefes das nações as dominam, e os grandes impõem sua autoridade. Entre vós não seja assim. Quem quiser ser o maior no meio de vós, seja o servo de todos”. Os Evangelhos não se cansam de nos ensinar a lógica às avessas do itinerário cristão. O próprio Jesus de Nazaré viveu sua vida como puro dom e serviço aos mais frágeis. Mesmo sendo a Palavra Divina pronunciada sobre o mundo, não se apegou à sua igualdade com Deus, mas, ao contrário, despojou-se de si e se fez homem. E ainda mais: se fez servo de todos, o último dos homens, oferecendo sua vida como serviço a toda a humanidade (Fl 2,5-8).
“Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada. Toda forma de conduta se transforma numa luta armada. A história se repete, mas a força deixa a história mal contada”, cantaram os Engenheiros do Hawaí. Se o poder não é exercido como serviço, a conduta da autoridade se transforma numa luta armada. Infelizmente a história é cíclica, se repete insistentemente e a gente ainda não aprendeu. Quanto tempo será necessário para que aprendamos que nascemos para servir e não para dominar? Quando será que compreenderemos que a vida é curta e que viver bem e em paz com todos é a maior de todas as dádivas? Aquele que usa a autoridade em proveito próprio acaba morrendo por nada. Perdeu a chance de fazer a mais bela experiência da vida: a comunhão fraterna.
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