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14. Venceu a morte

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08.04.2015 | 5 minutos de leitura
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14. Venceu a morte

Se a experiência da morte de cruz foi decepcionante por um lado, por outro ela foi altamente significativa para os primeiros seguidores de Jesus. Desde cedo, eles entenderam que Jesus foi injustamente julgado e condenado à morte; ele era inocente e não merecia aquele tipo de castigo. Tal injustiça ficou clarividente para os discípulos. Por isso, proclamaram: Deus o ressuscitou dos mortos! (cf. Gl 1,1; At 2,24); Ele não deixou seu justo na corrupção! (cf. At 13,35) ou ainda “Onde está, ó morte, a tua vitória?” (1Cor 15,26). Cedo, proclamaram: Ele vive. Não está entre os mortos! (cf. Lc 24,3)


A ressurreição é o evento fundante da fé cristã. Sem ele, não há cristianismo, assim como sem a morte de cruz. Isso porque morte e ressurreição são eventos inseparáveis. Depois da morte de Jesus, contam os Evangelhos de forma catequética e não de forma biográfica, que os discípulos tiveram uma reação normal, como todos nós temos diante da morte de nossos queridos: dor, frustração, saudade, sensação de perda e desorientação. Mas, com o passar dos dias, uma presença estranha começou a ser percebida no meio deles. Aquele que eles viram aniquilado na cruz continuava vivo junto deles. Era uma presença diferente, que às vezes os confundia, deixando uma dúvida: Será mesmo ele? (cf. Lc 24,13-35; Jo 20,15-16). Mas era tão forte e tão transformadora essa presença que ficou impossível duvidar que o Ressuscitado estivesse no meio deles. Em tudo que eles faziam, a mão forte e amorosa de Jesus os conduzia. Cada gesto ficou prenhe de significado e beleza, porque sua presença envolvente se fazia sentir como antes nas margens do Mar da Galileia. Sua palavra ganhou plenitude; fez todo sentido, coisa que antes parecia difícil acontecer. Ao tomar uma decisão, percebiam que não eram eles a decidir sozinhos: Jesus os conduzia, mas agora desde o coração. Não mais com uma voz externa dizendo o que fazer, ensinando o amor e repreendendo os erros. Mas, a partir de dentro, uma força salvífica conduzia os seguidores a fazer exatamente o que o Mestre fazia, a amar o que ele amava, a dar a vida pela causa que o levou ao Calvário. Então, tiveram certeza: ele vive! E o que era melhor: era uma vida sobre a qual nenhum inimigo tinha mais poder, nem os poderosos de Roma e da religião judaica, nem os limites da matéria prendendo-o a um só lugar num único tempo, nem a morte... nada o prendia mais. Na mais plena liberdade, o Ressuscitado – Aquele que havia passado pela cruz – estava dando as cartas do jogo. Ele era agora senhor da história e ninguém podia mais botar as mãos sobre ele.


Foi assim que os discípulos entenderam o que Deus havia feito. Na humilhação da cruz, onde colocaram depois de julgamento iníquo o Filho de Deus, Deus julgou o mundo. Deus mostrou a todos, por meio da ressurreição de seu Filho, que o julgamento de Jesus foi injusto. Deus tomou partido de seu Filho e o fez ressurgir dentre os mortos. Deus o levantou do túmulo, pois o amor não morre; tem força vivificadora. E, ao mostrar que o julgamento de Jesus foi um equívoco, Deus mostrou claramente quem está do lado de quem. Do lado das autoridades judaicas e romanas que condenaram Jesus, ficaram todos que não escolheram a vida, muito menos o amor. Mas, ao lado do Crucificado que amou até o fim, ficaram o Pai, que é amor, e todos os que são capazes de amar. É nesse sentido que afirmamos que, ao ressuscitar Jesus, o mundo – ou seja, a humanidade – é julgada. O julgamento de Jesus tem implicações vastas, para nós cristãos e para o mundo todo. Sua ressurreição mostra que o amor se eterniza, que nenhum gesto de bondade fica sem consequências, que nenhuma doação cai no vazio, que nenhuma vida autenticamente vivida é ignorada.


Jesus venceu a morte. Não como uma mágica ou um gesto inusitado partido de forças próprias que ele nem sabia escondidas dentro de si. Não! Jesus foi ressuscitado por Deus, o seu e nosso Pai, a quem amou sem reservas e cujo amor experimentou em toda sua vida. A ressurreição é, de algum modo, uma consequência da comunhão vivida entre Jesus e o Pai. E agora, ele está presente, vivo no meio de nós, guiando nossos passos, orientando nosso vida, fortalecendo nossa vontade... Porque venceu a morte, capacita-nos, a nós que vivemos nele, a também vencer as mortes de cada dia. Eis, pois, uma tarefa autenticamente catequética: anunciar aos catequizandos a presença do Ressuscitado, ajudando-os a perceber que, na aparente ausência, ele está no meio de nós. Sua presença se faz sentir desde dentro, lá no profundo do coração onde o amor brota e lança raízes.







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