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8. E o pecado?

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28.06.2014 | 4 minutos de leitura
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8. E o pecado?

Quando falamos em fraquezas, quase todo mundo pensa imediatamente no pecado. O pecado é tema espinhoso da catequese, mas que não está fora de moda. Continua sendo tarefa da catequese ajudar cada um de nós a reconhecer nossos pecados e a nos ajudar no processo de conversão. Mas, quando falamos no artigo anterior sobre as fraquezas, não falávamos necessariamente de pecados. Pecado e fraqueza não são a mesma coisa.


A fraqueza faz parte de nossa vida; não somos deuses; somos seres frágeis. Cada um tem fraquezas que lhe são próprias; nós já nascemos com elas ou as adquirimos ao longo da vida. São traços de nossa personalidade, de nosso temperamento, que muitas vezes herdamos de nossos pais, sem sequer termos escolhido que queríamos ser assim. Por exemplo, tem gente que é irascível: por qualquer coisinha solta “fogo pelas ventas”, como diz nossa gente. São pessoas de temperamento colérico, que não tem sangue de barata e logo vão revidando o desaforo em vez de contar até 10. Outros já são calmos, mas ficam magoados com qualquer coisinha; mais parecem um “ovinho de beija-flor” que se quebra à toa. Ora, cada um com sua personalidade; cada qual com seu jeitão, com seu temperamento. As pessoas não tem que ser iguais; ao contrário, na diversidade está a beleza da convivência.


Cada temperamento tem suas fraquezas e suas virtudes. Essas fraquezas não são pecados. Tomemos os exemplos acima. Ficar com raiva não é pecado. A raiva é só um sentimento e sentimentos não são moralmente bons nem maus. Do mesmo modo a mágoa; não é boa nem má, é um sentimento apenas. Mas tanto a raiva quanto a mágoa podem se transformar em pecado. Se o nervosinho parte pra cima de quem o irritou, com palavras agressivas e pescoções, aí a fraqueza já virou pecado. Se o deprimido alimenta a mágoa e toma antipatia de quem o magoou, desejando-lhe o mal e virando-lhe a cara, aí a fraqueza já virou pecado. Sentimento moralmente neutros deram lugar a atitudes moralmente desprezíveis: o pecado.


Se é assim, ninguém precisa ficar confessando sentimentos; eles são involuntários, dependendo não de nossa vontade mas de nosso estado de ânimo, de nossa saúde, de nosso temperamento. O que devemos fazer é procurar conhecer nós mesmos para que não sejamos dominados por essas fraquezas de nosso temperamento. Se a gente está cheia de Deus e busca nele a força pra viver, essas fraquezas serão facilmente superadas. Elas vão permanecer em nós, pois fazem parte de nosso modo de ser, mas não vão nos dominar. Nós, pela força de Deus, é que vamos dominar esses impulsos.


A catequese tem um papel importante neste processo. Cada catequizando deve ser levado a conhecer sua própria interioridade; deve conhecer suas próprias fraquezas e saber lidar com elas. A fé cristã pode ajudar muito. Se somos amados por Deus do jeito que somos, perdemos o medo de nos assumir. No amor que Deus nos dispensa, encontramos forças para viver e para sermos melhores. Nos relatos da Escritura, percebemos que toda pessoa que conhece Jesus e faz seu encontro com ele encontra também forças para ser melhor. Ela descobre dentro de si um “eu” muito melhor, que estava lá escondido, dormindo, pronto para ser acordado. Jesus desperta em nós o desejo de nos reinventar, de superar os pecados e de lidar com nossas próprias fraquezas sem deixar que elas atinjam os outros e lhes façam o mal. Para toda fraqueza tem a força de Deus que é bem maior; para todo pecado tem o perdão de Deus que ajuda a recomeçar. Que a catequese ajude seus catequizandos neste trabalho interior – doloroso e difícil, mas necessário – de conhecer a si mesmo e de se superar.







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