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86. Incitação ao ódio

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13.04.2017 | 4 minutos de leitura
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86. Incitação ao ódio

Se é possível comover as pessoas e gerar compaixão e solidariedade, também é possível incitar ao ódio e à violência. Ando cansada disso! Não poucos líderes têm usado sua influência para disseminar preconceitos, intolerância e fobias – de todos os tipos! Por que não usar nossa influência para fazer o bem, para espalhar o amor e o perdão? Por que veicular maldades em nossas mensagens faladas ou escritas, ensinar crueldades, destilar veneno em vez de brandura e ternura que são capazes de curar as feridas? Não estou falando de dar uma de “João bobo” e acenar positivamente para qualquer coisa, sem nenhum censo crítico. Ao contrário, estou sugerindo digerir com mais calma as notícias da mídia, especialmente da grande mídia lucra com o modelo populista e antidemocrático que se estabeleceu no país. Está difícil continuar vendo algumas pessoas – gente boa e de coração singelo–fazer campanha contra pobres, negros, homossexuais, mendigos, drogados, menores infratores... O pior é que isso não está longe da religião católica! Quando a gente fala sobre isso, sempre tem alguém que traz à conversa um exemplo de extremismo islâmico, de alguma intransigência dos neopentecostais etc. Mas não! Está tudo bem mais perto que pensamos; bem mais dentro que imaginamos. Tem por aí não só leigos católicos incitando ao ódio contra o vermelho – que para eles é puro comunismo, inimigo imaginário número 1 da fé –, mas tem também presbíteros repetindo esse discurso. Uma coisa vergonhosa!


Usar o altar – lugar do amor e do perdão – para discursar sobre a punição necessária punição para os que não são de seu partido político é um atestado de falência do ministério ordenado. Falar no altar que quem defende prisioneiros e menores infratores está a favor da baderna e deve ser preso junto com eles não é só falta de senso político, mas falta de humanidade. E onde falta humanidade não há religião cristã, pois o cristianismo é a religião do amor ao humano, pois o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Onde estão com a cabeça esses presbíteros que usam do lugar litúrgico para defender suas mediocridades burguesas? O que fazer com esses padres que não têm noção de pobreza nem reconhecem o cheiro de uma ovelha, pois usam perfumes caros comprados em viagens de turismo religioso às custas do povo?


E os leigos! Coitados! Têm tantos que – em nome das pretensas aparições de Nossa Senhora – demonizam o socialismo e todo tipo de governo que privilegie o social! São tantos que rezam, rezam, rezam... mas acham que os pobres são vagabundos, que drogado é marginal e que homossexualidade é sem-vergonhice! Uma ignorância tamanha que chega a arrepiar! Dá até aflição ver isso! Não estou culpando ninguém. Não têm aqui um juízo moral como se os progressistas fossem melhores que os reacionários! Nem de longe penso isso. Tenho, ao contrário, abominado certos discursos sociológicos que são instrumentalizados para fazer carreira na Igreja ou fora dela. Tenho aversão a esses presbíteros, frades, religiosos etc. que falam de pobres e oprimem seus irmãos, acumulam dinheiro, disputam o primeiro lugar e, disfarçados de defensores dos pobres, fazem o que Jesus criticou aos escribas: infiltram as casas das viúvas e as exploram em vez de lhes consolar e de lhes estender a mão. Não é um problema de ser de um partido ou de outro. É uma questão de ser sensível ao outro ou não, de se colocar no lugar do diferente e entender sua história, quase sempre muito cruel.


Aos leigos que andam acreditando em qualquer discurso da mídia e veiculando no WhatsApp e no Facebook, mensagens de apoio a esses loucos neoconservadores e outros líderes intransigentes, meus pêsames! É uma pena que seja assim. Estamos longe do evangelho de Jesus, que defende as minorias e apoia os excluídos. Aos presbíteros que usam o altar para isso, desejo que a diocese lhes faça a advertência devida e os oriente acerca do ministério assumido, não para projeção própria, mas para o serviço aos irmãos mais pequeninos e indefesos. Aos presbíteros e leigos conscientes que se calam, lembro uma canção popular – cuja frase é inspirada nos Evangelhos: “se calarem a voz dos profetas, as pedras clamarão.” Fica aí a dica!







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