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5. O prazer da pertença

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03.01.2015 | 3 minutos de leitura
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5. O prazer da pertença

Terminando esta série sobre os jovens, façamos nossa reflexão ainda a partir dos Atos dos Apóstolos. Lucas é um grande pastoralista. Ele sabe armar esquemas inteligentes para atrair o leitor para a fé que ele testemunha. Em At 2,42-47, encontramos o relato da vida das primeiras comunidades, descrito depois de mostrar a reação favorável que o testemunho dos apóstolos desencadeou nos ouvintes (cf. At 2,41).


Os crentes, segundo o ideal lucano, se organizam espontaneamente em torno dos apóstolos e não por coerção ou laços contratuais. O ensinamento deles é precioso e todos perseveram para ouvi-lo. O testemunho da comunhão fraterna lhes atrai; a alegria de partilhar o pão da Eucaristia e da palavra não pode ser dispensada; a oração comum fortalece os ânimos e revigora para a luta. Cheios de temor – ou seja, de um desejo enorme de não perder a fé conquistada ou a fé no Deus que os conquistou –, os novos seguidores do Caminho presenciam a ação de Deus no meio deles, dita por Lucas como prodígios e sinais. Lucas insiste em dizer que o Deus da história, que agiu no Antigo Testamento por meio de muitos líderes e profetas e no Evangelho por meio de Jesus de Nazaré, continua agindo em Atos por meio da Igreja. E todos vivem uma experiência edificante: tendo abraçado a fé, se encontram unidos, repartem seus bens, frequentam diariamente a comunidade, rezam juntos, vivem com alegria e simplicidade de coração. Como consequência desse testemunho, cada dia aumentava mais o número dos que aderiam à fé.


Lamenta-se muito, hoje em dia, que os cristãos tenham perdido o sentido de pertença. A comunidade eclesial, antes referência máxima da fé cristã, foi relegada a segundo plano para realçar a experiência pessoal. Não falta quem critique a juventude de crer sem pertencer, de aderir a Jesus, mas rejeitar a sua família, a Igreja. Não é bem verdade que os jovens querem crer, mas não querem pertencer. Eles só não querem pertencer a uma comunidade fria e de laços contratuais, com a qual não têm vínculos afetivos e nenhuma identificação. Não é que na Igreja a gente escolha com quem faz laços; os laços são éticos, ou seja, são dados pelo Pai do Céu pelo simples fato de sermos irmãos em Jesus Cristo. Mas vamos admitir: não adianta saber que somos irmãos de alguém se não cultivamos laços afetivos com ele. Pertença não é obrigação; é consequência natural de laços fortes de fraternidade e comunhão. Parece urgente que recuperemos na Igreja a alegria da pertença ou nossos jovens vão continuar formando comunidades alternativas de convivência, no desejo de partilhar a fé e proporcionar seu crescimento.







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