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61. O diálogo com os não-crentes

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28.02.2018 | 4 minutos de leitura
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61. O diálogo com os não-crentes

Quando se fala em catequese, ainda pensamos primeiramente em preparação para sacramentos: eucaristia, crisma etc. Mas já vimos que esse conceito hoje é superado e que a Igreja ampliou seu olhar, entendendo a catequese não mais como curso em preparação para os sacramentos ou como ocasião de doutrinação dos católicos, mas como anúncio da palavra de deus. Atualmente, a catequese – inserida no âmbito evangelizador e missionário da Igreja – preocupa-se em propor a fé, testemunhando a presença do Ressuscitado. Essa proposição da fé se estende a todos: católicos e não católicos; crentes e não crentes. Em meio à grande ágora da fé, a Igreja quer dar testemunho do Ressuscitado a todos, provocando o desejo de crer e seguir Jesus.


 Para os que já são cristãos, esse testemunho ajuda a refazer os compromissos e a recomeçar os ânimos, pois a fé nunca é algo dado, mas é devir, é vir-a-ser... Para os não-cristãos, mas crentes, o testemunho da Igreja não tem intenção de persuadi-los, nem de arrebanhá-los para seu redil. Quer, ao contrário, confirmá-los no caminho do bem por meio do amor que a fé cristã semeia. Por meio do diálogo e da acolhida, a Igreja testemunha que Jesus está vivo e continua agindo no meio do mundo, em todos os corações que se abrem para a força do amor. E os que não creem em Deus? Como a Igreja pode lhes comunicar a força do Ressuscitado? Será que ela se empenha também em lhes falar ao coração uma palavra que faz viver?


Certamente que sim. A tarefa da Igreja é anunciar a palavra a toda criatura, como disse Lucas: “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, na Judeia, na Samaria e até os confins do mundo” (At 1,8). Em todo canto e em cada coração, a palavra de Deus deve chegar, não como imposição – é claro – mas como proposta. A fé cristã deve mostrar sua pertinência e eficácia; ela é uma palavra que faz sentido e comunica sentido. Por meio do seu testemunho, os cristãos anunciam que o Ressuscitado continua agindo no mundo e que sua proposta – o evangelho – é força para a vida.


Apesar de os cristãos anunciarem com toda convicção o evangelho de Jesus, em meio a esse mundo secularizado e plural, é preciso reconhecer que nem todos querem crer ou que nem todos podem crer como os cristãos. Para uns, os caminhos que a fé cristã conheceu na história deixou marcas em seus corações, impedindo-os de crerem. São pessoas cuja experiência de fé marcou negativamente, e não positivamente. Um Deus às avessas lhes foi anunciado, causando-lhes mais mal que bem. Há um empecilho prático e emocional para crer. Outros, inseridos em outra história, em outra cultura – especialmente a racionalidade positivista do final do segundo milênio – não veem nenhuma utilidade na fé. Ela lhes parece mais um empecilho para o bem que uma mola propulsora para edificar a comunidade humana. Há muitos casos em que as pessoas não professam a fé, nem têm interesse em professá-la. Elas acharam para si um caminho no qual não cabe a profissão de fé. Ora, a Igreja respeita também essa opção. Para esses, ela se oferece como presença dialogal valorizando o bem que eles fazem e potencializando o bem que podem vir a fazer. E, como companheira da jornada humana, se faz presença para amparar e amar a todos, sem coerção ou violência simbólica. Ser respeitosa com a opção de cada um faz da Igreja um sinal de Deus no mundo, muito mais que se ela coagisse e forçasse a crer aqueles que não demonstram interesse em fazê-lo. A catequese está sempre pronta para acolher a todos: católicos, cristãos, não cristãos, crentes, não-crentes... E deve se mostrar aberta ao diálogo e pronta para aprender com todos que amam a vida e fazem o bem.







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