52. Os horários de atendimento pastoral


Qualquer pessoa minimamente observadora nota a gigantesca mudança pela qual nosso mundo tem passado. E não é mudança só de costumes, hábitos, gostos... Nem são apenas mudanças no campo tecnológico. São mudanças no jeito de ver e sentir a vida, no modo de valorar as coisas, nos parâmetros de medição da vida. Ora, tanta mudança assim não pode ser ignorada pela Igreja, e não o é, graças a Deus. Se a Igreja tem dois mil anos é exatamente porque, pela ação do Espírito, tem a capacidade de mudar, de se renovar, de se reinventar, sem perder sua identidade.
Uma mudança muito importante observada hoje diz respeito às referências da sociedade na qual estamos inseridos. Não contamos mais com aquela sociedade homogênea, na qual a voz da Igreja era a autoridade máxima que orientava a vida dos indivíduos. Vivemos hoje numa sociedade plural, multirreferencial. A Igreja é ainda uma referência para muita gente, mas não tem mais a hegemonia. Ela oferece ao mundo a fé cristã como proposta, que pode ser aceita ou rejeitada. A fé não é mais transmitida automaticamente, por herança, como antes. Vivemos num mundo secularizado, pós-cristão, e não mais no regime de cristandade que perdurou tanto tempo.
Nesse mundo pós-cristão, a fé cristã não é mais evidente como antes: deve ser anunciada com ardor e empenho. O mundo mudou, a pastoral tenta mudar para anunciar o evangelho, mas as estruturas de Igreja, quase sempre, permanecem as mesmas. Isso pode causar problemas.
Tomemos como exemplo o horário de atendimento paroquial. Quando todo mundo era cristão, ninguém pensava em seguir sua vida sem os sacramentos, sem orientação espiritual, sem o apoio do presbítero. O atendimento paroquial era sempre na própria casa do pároco, ou num ambiente ao lado, e o padre – ele mesmo – atendia 24h. Era só tocar a campainha.
Com o passar do tempo, os párocos perceberam que não dava mais para ficar por conta do atendimento em casa: era preciso sair, organizar a vida, fazer compras, viajar, ir a reuniões, encontros etc. Então, quase toda paróquia admitiu uma secretária e organizou o atendimento no horário comercial. A secretária resolvia o que era possível e agendava horários para o padre resolver o que não era de sua competência. Também os párocos – quase sempre – tinham (e ainda têm) horário para atender o povo durante a semana.
Agora, observamos que o atendimento paroquial (tanto do pároco quanto da secretária) no horário comercial já não corresponde mais às necessidades do povo. A grande massa de católicos trabalha no horário comercial e fica difícil sair do emprego para ir ao escritório da paróquia tirar uma dúvida, pedir um atendimento, fazer papelada de casamento etc. Muitos párocos já aderiram a horários alternativos, colocando secretários para atender também à noite (até 22h, por exemplo) ou no sábado, o dia inteiro. Há paróquias que já atendem até no domingo! Isso facilitou para o povo, cujos horários de trabalho estão bem modificados. Assim, quem precisa da paróquia pode se organizar na sua folga, sem precisar matar trabalho para ser atendido.
Repensar também as pequenas estruturas paroquiais pode ser um bom caminho para facilitar o acesso das pessoas à comunidade eclesial e, consequentemente, à fé cristã. Essa parece ser uma boa ideia. Fica aí a dica!
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