46. Orações II


Se a oração é instrumento de proximidade com Deus, se ela favorece a comunhão, então a catequese que se esmera na tarefa orante tem mais chances de sucesso na transmissão da fé. Na catequese iniciática, orar é uma graça, um bem, uma necessidade dos catequizandos que, afeiçoados ao Deus amor, têm necessidade de lhe falar e de escutá-lo.
A dificuldade que os catequistas encontram nesse exercício orante advém dos hábitos nada saudáveis de oração que cresceram entre nós. Quase não sabemos rezar; sabemos recitar muitas preces, fazer práticas devocionais e piedosas, mas não sabemos orar. Apesar de não serem desaconselhadas essas práticas e orações, elas não se mostram suficientes para alimentar a fé e manter sempre acesos os ânimos do cristão. Para uma vida de seguimento a Jesus, para um crescimento na maturidade cristã, recitar preces, fazer novenas, rezar aos santos não se apresentam como práticas suficientes. É preciso muito mais. É preciso um caminho de oração, uma relação de confiança com o Deus de Jesus Cristo, a quem somos chamados a amar e servir. E essa prática orante não costuma estar presente na vida dos catequistas.
Se os catequistas mesmos têm dificuldades com a prática da oração, como podem ajudar os catequizandos a superar seus obstáculos nesse campo? Entra aqui aquele conceito de “aprender a nadar nadando”, já falado anteriormente. Não dá tempo de ensinar primeiro ao catequista a rezar, ajudando-o com um itinerário de oração (como os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola), para depois fazê-lo catequista. Vai ser preciso aprender a orar orando.
Nas coleções de catequese que percebem essa lacuna na vida do catequista, normalmente já vem alguma sugestão de oração. Isso facilita. É só preparar bem conforme sugere o roteiro. Se não vem, mais um motivo para o catequista preparar com zelo extremo as orações do encontro. O catequista que prepara bem as orações tem mais chance de ajudar a turma a rezar com profundidade. Nas orações, conta muito a leveza, a singeleza do momento. Uma boa música pode ajudar a rezar melhor. Ela levará à introspecção, evitará dispersão e congregará o grupo. Algumas vezes, uns gestos podem ajudar. Fechar os olhos, erguer os braços, colocar a mão no ombro do irmão que está ao lado para rezar por ele, dar as mãos etc. Os gestos devem ser singelos, sem causar constrangimento. O catequista motiva, mas permanece sempre a liberdade do orante. Além disso, alguns símbolos podem ajudar: uma cruz à vista de todos, uma vela e uma bíblia no centro da mesa, uma imagem num pequeno altar etc.
Grande ajuda também oferece, nesses momentos, um texto orante: um salmo, um belo poema, uns poucos versículos bíblicos. Lembre-se o catequista que, a cada dia, a oração deve tomar um formato, para que os catequizandos descubram a diversidade de possibilidades de falar com Deus, de entrar em sintonia com ele. Num dia, faça preces espontâneas; noutro dia, silêncio. Num dia, reze com a ajuda de um pequeno salmo; noutro, com a ajuda de um símbolo. Num dia, incentive cada um a fazer preces de louvor e gratidão; noutro, façam preces de petição e súplica. Num dia, termine a oração com o Pai-Nosso, com a Ave-maria ou a Oração ao Espírito Santo; noutro, encerre cantando. Tudo vai depender do tema do dia, advindo do texto bíblico gerador do encontro.
Há um mundo orante a ser descoberto e a ser usufruído pelo catequista e pelos catequizandos, Daí a importância de preparar tudo com o máximo capricho na semana que antecede o encontro. O catequista que tiver tal cuidado vai experimentar o que diz a canção: “Se o coração abrir, águas vivas do interior irão fluir... Nunca mais serás o mesmo, meu irmão”.
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