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44. Música II

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22.02.2017 | 4 minutos de leitura
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44. Música II

Que a música tem função muito nobre na catequese, parece não haver muita discussão mais.  Ela é quase uma unanimidade nos encontros catequéticos. Até aqueles modelos mais escolares costumam fazer concessão para uma ou outra musiquinha, animando a turma com canções do gosto da turma. Tendo já consciência da importância da música, resta saber o que cantar e quando cantar.


Não é qualquer música que serve para qualquer encontro ou para qualquer momento do mesmo. As músicas devem ser cuidadosamente escolhidas, contribuindo para a coesão do encontro, facilitando a assimilação da mensagem refletida, favorecendo a desejada experiência de Deus! Não faz sentido meditar uma coisa e cantar outra completamente diferente. Nem faz sentido cantar algo animado e que estimula bater palmas e fazer gestos, numa hora em que o roteiro do encontro sugere interiorização e meditação. Mas também que falta de graça seria começar os encontros com músicas paradas e calmas, que mais convidam ao cochilo que à participação?  Para cada momento, uma música apropriada. Canções animadas para começar, para fazer as atividades, para encerrar. Canções mais pacificadoras para rezar, para meditar, para preparar o coração para ouvir a Palavra de Deus.


Preocupação especial requer o cuidado com as letras das músicas. Algumas canções religiosas de bela melodia e de harmoniosa composição musical nem sempre primam pela teologia. É bem verdade que as letras das músicas não devem ser acadêmicas, só com o intuito de ensinar algo. Música não é tratado de teologia; não é dissertação de mestrado, muito menos uma tese de doutorado a ser defendida. É sentimento, emoção, arte e poesia. É expressão do belo, do que se passa no íntimo do coração, do transbordamento da alma. Apesar disso, é bom prestar atenção nas letras. Elas veiculam uma teologia mais ou menos confiável. Uma teologia bíblica do amor – segundo os passos de Jesus de Nazaré – ou uma teologia bíblica do medo – segundo interpretações equivocadas do Antigo Testamento. Uma antropologia que assume a vida humana e suas fraquezas ou uma teologia desencarnada que nega a seus limites. Uma eclesiologia da participação de todos ou uma eclesiologia piramidal onde uns ministérios têm precedência sobre outros. Uma teologia moral que vê tudo sob a ótica do pecado e da culpa ou uma teologia que vê tudo com os óculos do amor e da misericórdia de Deus. Uma escatologia que pensa a vida eterna como um “já e ainda não” ou uma escatologia espaço-temporal cheia de anjos e demônios. As letras das canções não são inocentes. Elas reforçam ou disseminam uma teologia. É preciso ficar atento para saber se elas estão contribuindo para a construção das experiências desejadas ou se estão destruindo todo nosso esforço catequético. Por exemplo, canções que só falam de milagres, só pedem milagres, só estimulam milagres podem detonar com toda a experiência do Deus de Jesus Cristo, cuja vida culmina na morte e não no milagre do seu livramento da cruz. A Teologia da Retribuição do Antigo Testamento (hoje na vertente Teologia da Prosperidade) tem ganhado espaço nas canções religiosas, e isso é preocupante.


Algumas coleções de catequese são acompanhadas de CDs com canções apropriadas para os encontros. É bom! Facilita a escolha, pois foram preparadas de acordo com os temas dos encontros. Além disso, facilitam a preparação dos encontros. De posse do CD, o catequista não tem motivo para se esquivar da tarefa de aprender as melodias, decorar as letras, disponibilizá-las para os catequizandos. De novo nos esbarramos na preparação do encontro, exigência mínima para uma boa catequese.







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