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43. Oração depois da comunhão

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24.01.2015 | 5 minutos de leitura
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43. Oração depois da comunhão

Não é incomum, depois da comunhão, ver nossa gente ajoelhar-se para fazer a tal “ação de graças”. As pessoas, muito piedosas, tendo recebido a hóstia, voltam para seus bancos e se colocam em oração. Mas seria oportuno ajoelhar-se para rezar depois de comungar? Alguns, mais piedosos ainda, saem dos seus lugares e vão para a capela do Santíssimo Sacramento, ajoelham-se e ficam tempos ali rezando; alguns até encerram a missa ali mesmo.


Primeiramente, falemos sobre a oração. Nada contra rezar depois da comunhão. A oração é uma prática cristã inigualável. Quando nos colocamos em oração, admitimos que há alguém maior que nós; há um Deus ao qual estamos referidos e a quem entregamos com confiança toda nossa vida. Por isso, rezar alivia a alma, traz uma paz imensa e reequilibra nossas forças. Rezar é sempre bom. Como disse o apóstolo Paulo, é importante orar sempre, em qualquer lugar, especialmente dando graças a Deus por seu amor: “Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1Ts 5,18). Então, por que se perguntar se devemos rezar depois da comunhão? Certamente o problema não está na oração em si mesma, já que a prática é louvável.


O que preocupa, então, não é se a pessoa está ou não rezando depois da comunhão, mas se ela está rezando toda a missa ou não. A missa é uma oração; não é um rito ou uma obrigação a cumprir. É uma celebração eucarística, ou seja, de ação de graças. Por meio da liturgia, damos graças a Deus Pai, pela ação do Espírito, pela vida, morte e ressurreição de Jesus. Celebramos – fazemos memória – que ele continua no meio de nós, mesmo depois de ter se entregado na cruz. Sua vitória sobre a morte é ânimo para nós cristãos, pois sua presença nos anima e nos orienta. Toda a missa, pois, é uma bela oração, feita de palavras, gestos, silêncios, cantos, leituras bíblicas, símbolos, diálogos etc. Cada minuto da missa é oração. Cada silêncio ou palavra nos eleva a Deus e nos arranca de nós mesmos para nos mergulhar no mistério pascal. Cada gesto ou símbolo nos faz celebrar a vida. O que preocupa, então, é ver que muita gente se distrai a missa toda; conversa, olha pra lá e pra cá e, depois, na hora da comunhão, como se fosse uma hora mágica, se põe em atitude orante quase que mecanicamente. Isso faz pensar.


Outra coisa que preocupa é o conceito de eucaristia que está por detrás do gesto de ajoelhar-se para rezar depois da comunhão. O que é a eucaristia? Em primeiríssimo lugar é uma refeição. Foi numa ceia que Jesus instituiu a eucaristia. Logo, a hóstia é alimento para ser manducado, comido com as mãos. O costume de adorar a hóstia não vem das origens da fé cristã. Entrou mais tarde nos costumes católicos, quando as pessoas entendiam que não eram dignas de comungar (porque pensavam que a hóstia é santa demais e elas pecadoras) e então só podiam adorá-la. Muitos se afastaram da mesa eucarística por escrúpulos; não se achavam puros para receber a hóstia. Ora, quem é puro para comungar? Ninguém. É Deus mesmo que, no seu amor, se dá a nós nas nossas fraquezas, sem olhar nosso merecimento. Comungar é puro dom de Deus, graça, por isso a própria palavra Eucaristia significa “ação de graças”. Então, a comunhão é uma refeição. E, durante uma refeição festiva, o que a gente faz? O que todo mundo faz... Come, faz comunhão com os amigos e canta alegremente para festejar o dom recebido. Assim, parece mais oportuno, depois de comungar, voltar para os bancos, sentar-se e se pôr a cantar com a assembleia. A comunhão não é só com Cristo, mas com a Igreja que celebra, com cada irmão que crê e dá ação de graças pela vida de Cristo.


Por fim, uma questão prática. Se a gente volta para os bancos e se ajoelha para rezar, causa o maior engarrafamento no trânsito dos comungantes. Não dá para pular por cima de quem está ajoelhado, compenetrado rezando. Não fica bem atrapalhar o fluxo dos passantes que vão ao altar comungar porque queremos rezar ajoelhados. Não parece viável, nada prático, esse costume, além de teologicamente pouco fundamentado, como vimos acima. Ah! E aqueles que vão para a capela do Santíssimo rezar depois da comunhão? Lá eles não atrapalham ninguém não é? Mas também não parece fazer sentido. Se cada um de nós acabou de receber a comunhão, não é hora de dialogar com o Cristo fora de nós, mas com o Cristo em nós. Além do mais, na maioria das vezes, o sacrário está vazio. O que está plena é a nossa vida, plena da presença amorosa do Deus bondoso que se faz presente na celebração.


Seria bem melhor, para maior participação de todos, maior ordem na liturgia e maior proveito comum que, depois da comunhão, cada um voltasse para seu lugar e orasse ali mesmo ou que se colocasse a orar cantando com a assembleia, afinal a gente não canta e reza na missa, a gente canta e ora a missa. Fica aí a dica!







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