37. Preparação dos encontros


Há muito que dizer sobre a des-escolarização da catequese. E muito mais a fazer. Nossa catequese anda tão escolarizada que até parece estranho ao catequista a proposta de des-escolarizar os encontros. Não raro, em algumas reuniões ou encontros, quando falamos de des-escolarizar o ato catequético, surge imperiosa a pergunta: “Mas se catequese não é aula, não tem que ensinar um conteúdo, não é para decorar orações, não cobra aprendizagem de doutrinas, o catequista não passa matéria no quadro, o catequizando não usa caderno nem livros, então o que fazer durante uma hora semanal, quando nos reunimos com os catequizandos?”. Os catequistas estão tão acostumados ao esquema ensino-aprendizagem, ao roteiro aula, ao ritmo escolar, que nem conseguem imaginar o dinamismo dos encontros que fogem a esse padrão. Quem, ao contrário, já se afeiçoou ao modelo encontro a partir da pedagogia iniciática, com reuniões mais livres, orantes e mistagógicas, sabe muito bem que uma hora voa, sem nos dar tempo para fazer todo o planejado para o dia. Os catequizandos se envolvem na partilha da Palavra, nas discussões às vezes acaloradas que surgem a partir dos textos bíblicos, na confecção das atividades propostas, nas orações, nas músicas, nas celebrações, que o tempo fica curto para tanta atividade. É uma questão de pegar o jeito, de ganhar gosto pela pedagogia.
O encontro flui com leveza quando o catequista preparou tudo direitinho e se sente seguro para deixar a turma se envolver no processo catequético. A preparação dos encontros se mostra como condição sine qua non para o bom andamento dos mesmos. Cada detalhe precisa ser pensado, gestado no interior do coração, antes mesmo de ser confeccionado com a inteligência e as mãos. Orações, atividades, músicas, texto bíblico, tudo requer preparo cuidadoso. É notável a diferença entre um encontro bem preparado e um encontro realizado a “toque de caixa”.
Na Igreja, uma cultura do improviso se instalou e isso é perigoso. Amadorismo tornou-se marca registrada de nosso trabalho evangelizador. Atrelado a essa cultura, entrou o “feio”. O “belo” saiu de cena e nos acostumamos ao mau gosto. Ambientes feios, liturgias feias, canções mal executadas e cantadas com vozes de “taquaras rachadas”, como diz ironicamente nossa gente simples. Tudo por falta de preparação, de tempo e gosto para preparar os eventos. Chega a ser preocupante esse descaso com as coisas do Reino. Leitores mal preparadas, homilias mal feitas, catequeses improvisadas e moralistas, ambientes sujos e descuidados. Credo! A catequese que quer ser encontro não admite esses improvisos. Isso seria caricatura de evangelização e não evangelização de fato. A verdadeira catequese requer zelo e bom gosto, mesmo nos ambientes de maior simplicidade. Improvisação, mesmo sem o fonema necessário, rima com desmazelo e descuido; preparo rima com cuidados antecedentes com aquilo que nos é mais precioso, mais caro: o serviço do reino de Deus.
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