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178. Perdoa-nos, menina

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20.08.2020 | 1 minutos de leitura
Flávio Sousa
Poesia
178. Perdoa-nos, menina

Mal sabes te compreender como pessoa


E já te estilhaçaram teu corpo,
Abusado e violentado

Pelo abusador repulsivo
E pelos que,
esquecendo -se de que te abusaram,

Abundaram em sutilezas hipócritas,

Codificadas por antirreligiões

Muito habituadas ao cheiro de incenso,

Mas pouco entendidas do cheiro de gente.


Perdoa-nos pela nossa falta de compaixão.

Perdoa-nos pela pressa em julgar.

Falhamos miseravelmente

Na oportunidade de afastar-nos em silêncio

E fomos diligentes em atirar tantas pedras.


Perdoa-nos por não perguntar
sobre seu agressor.

Perdoa-nos por não entender
Que a vítima és tu, sempre tu.

Mesmo que vozes altissonantes gritem

Mesmo que vozes aveludadas ponderem

Tu és a vítima.


E desde o Crucificado, nunca houve dúvida

Sobre ao lado de quem Deus estaria.

Tenho cá duas filhas,
que não chamo de minhas,

Porque não as possuo, apenas amo.

E não consigo imaginar o que seria sofrer,

Por elas, se alguém delas abusasse.


Pequena menina,

Desejo que encontres no caminho

Pessoas que te ajudem a recompor

Os cacos dessa tragédia

E que tenhas esperança de que sempre


Restará algum fio de luz


Levando à vida plena.
Que a vida, no tempo certo das cicatrizes,

Te seja devolvida.

Perdoa-nos.