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12. A espada dos apóstolos

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16.10.2014 | 2 minutos de leitura
Aíla Luzia Pinheiro de Andrade
Curiosidades
12. A espada dos apóstolos

A ordem de comprar uma espada


No trecho de Lc 22,35-38 Jesus está falando sobre a perseguição que os discípulos sofrerão após a morte dele. Ele usa uma expressão metafórica: “venda o manto e compre uma espada”. Um manto era essencial naquele tempo, mas no momento em que se era atacado, era mais importante uma espada que um manto.


Antes desse trecho, Jesus tinha exigido que eles renunciassem ao manto, à bolsa e à espada, ou seja, o equipamento padrão do viajante naquela época. Agora ele está dizendo que os discípulos terão que sacrificar outras coisas mais essenciais, até mesmo a própria vida.


Para Lc, os discípulos não compreendem que Jesus ia morrer na cruz e, por isso, tomam suas palavras ao pé da letra , colocando duas espadas à disposição dele.


Jesus responde “basta!”. Este basta não se refere certamente ao número de espadas, mas àquele assunto atravessado, ou seja, a incompreensão dos discípulos. Jesus não está fazendo um inventário do arsenal dos discípulos; está dizendo “Chega! Não estou falando sobre espadas. Chega dessa conversa! Já é suficiente, esse assunto está encerrado!”.


Pacifistas e não-pacifistas usam o evangelho para fundamentar suas teorias (Mt 26,52 versus Lc 22,36), mas, em vez de citar versículos soltos da bíblia, devemos nos perguntar se a história de Jesus pode ser lida coerentemente como uma narrativa de não-violência ativa.


No evangelho, as atitudes de Jesus o identificam com os antigos profetas, cuja vocação era a defesa dos oprimidos (órfãos, viúvas e estrangeiros). Além disso, Jesus viveu e ensinou o amor pelos adversários e a resistência não-violenta contra a injustiça.


A vida de Jesus aparece como uma luta, ao mesmo tempo, pessoal e política, militante, mas não militar (bélica), em compromisso com a fé de seu povo e contra as estruturas políticas de opressão. Levando-se isso em consideração, podemos entender porque certas pessoas, como Jesus, os profetas e outras figuras públicas, embora elogiadas posteriormente como grandes “pacificadores”, foram acusadas em seu próprio tempo de “perturbadores da paz”. Foi essa a acusação que levou Jesus a ser julgado, condenado e morto na cruz, portanto é tão errado classificá-lo como um guerrilheiro quanto como um alienado pregador de realidades puramente espirituais.