34. Sobre o sacrifício de Isaque
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18.06.2025 | 3 minutos de leitura

Curiosidades

Há evidências arqueológicas que, em algumas culturas antigas do Oriente Próximo, o sacrifício humano, particularmente de primogênitos, era praticado como forma de apaziguar divindades durante crises como fome, guerra ou desastre.
O sacrifício do primogênito recém-nascido era visto como a oferenda mais preciosa e poderosa, pois a família corria o risco de ficar sem descendentes, o que seria uma maldição naquela época. Acreditava-se que o primogênito, por ser um milagre divino que havia tornado a mulher fecunda (Gn 4,1), deveria ser devolvido aos deuses, garantindo assim o favor divino e evitando catástrofes. Os demais filhos que viessem pertenceriam ao casal.
O autor sagrado, sabendo desse costume dos povos politeístas, cria o relato de modo que também Abraão tenha de ofertar seu filho a Deus. Abraão entende que Deus – como todos os outros deuses – quer o sacrifício de seu filho e tenta perpetuar um costume pagão no culto ao Deus único. Certamente não foi Deus quem pediu isso a ele, pois Deus quer a vida e não a morte. O fato de Deus rejeitar o menino e substituí-lo por um cordeiro é sinal inequívoco disso.
Assim, a história de Abraão e Isaque (Gn 22) é amplamente interpretada como uma rejeição ao sacrifício de crianças. Deus autoriza sacrificar um carneiro em substituição do primogênito. O sangue do cordeiro pelo sangue do menino. Vida por vida. Foi uma evolução na religião, um novo modo de compreender Deus ou os deuses, e uma preservação das famílias que tinham apenas um filho.
Tempos depois, na religião judaica, em vez de sacrifício, as famílias faziam ofertas (como dinheiro ou outros bens) para cumprir simbolicamente a obrigação (Ex 13,12-15; Nm 18,15-17). Muitas sociedades migraram para rituais simbólicos ou substitutos ao longo do tempo.
Dentro do mesmo propósito do sacrifício do primogênito, que era salvar o povo, o sacrifício pelo pecado era fundamental para a sobrevivência, pois os antigos entendiam as catástrofes como castigo dos deuses por ações humanas que os tinha desagradado. O sacrifício de uma vítima, inicialmente humana e depois animal, era uma forma de apaziguar a ira divina e garantir a sobrevivência do povo.
No judaísmo, desde a Antiguidade, o Dia do Perdão (ou Dia da Expiação) o Yom Kippur (Lv 16 e 23,26-32) ocorre dez dias após o ano novo do calendário judaico (entre setembro outubro no calendário ocidental). Seu propósito é começar um novo ano sem nenhuma ruptura na comunhão com Deus e assim garantir a existência de todo o povo durante aquele ano que se inicia. Desde que o Templo foi destruído, no ano 70 d.C. não há mais sacrifícios de animais; em vez disso, é um dia dedicado ao arrependimento, à autorreflexão e à reconciliação com Deus e com o próximo.
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